
o mundo parece mais completo e perfeito que nunca. tudo no lugar. amo profundamente os cenários, as cores, os roteiros e principalmente, os novos personagens que têm enriquecido de forma absurda la singela história de mi vida.
mas trocava agora, sem pestanejar, um pedacinho de tudo isso pelos velhos, mofados, empoeirados e aconchegantes conhecidos.
por sentir o cheiro de gato na minha casa do último andar, ouvir o barulho da guitarra no quarto ao lado. não ser a única que tem esse sotaque, discar números que tenho decorados. continuar histórias que existem desde que eu tinha cabelo sem tinta e a crença na raça humana intacta.
entrar num carro branco que já foi casa de baratas e lembrar de quando era natal, reveillon, páscoa e dia das crianças.
transformar minha sala com luz azul em apêndice da balada.
conhecer os rostos, conhecer os lugares, conhecer o moço da porta do bar que sabe meu nome, minha história e minha bebida preferida.
tomar caipirinhas na beira do mar que me viu nascer e almoçar de ressaca no apartamento que me ensinou a ser criança e que me faz criança toda vez em que entro no elevador do prédio ao lado da pracinha.
ser a grazi que é só a grazi. não a amiga de alguem, a que trabalha em algum lugar, aquela de toda quinta feira... só essa.
receber o abraço de arquiteta da minha amiga rouquinha, o beijo das pessoas que casaram comigo no carnaval, o porka da minha outra parte, uma mordida amarela no dedo, a hiperatividade do parceiro de surf por quem eu me apaixono todo dia. cuidar do meu filho, do meu irmão, das minhas gatas abandonadas, da parte de vida que ficou por lá.
.
.
como o caio, eu queria poder ser duas. para uma delas ter partido e a outra, ficado lá com aquelas pessoas.
.
.
estou em milhares de cacos. eu estou ao meio.