domingo, 13 de julho de 2008

[E sei que de noite, quando ele me chamar, irei. Quero que ainda uma vez o cavalo conduza o meu pensamento. Foi com ele que aprendi. Se é pensamento esta hora entre latidos. Os cães latem, começo a entristecer porque sei, com o olho já resplandecendo, que irei. Quando de noite ele me chama para o inferno, eu vou. Desço como um gato pelos telhados. Ninguém sabe, ninguém vê. Apresento-me no escuro, muda e em fulgor. Correm atrás de nós cinqüenta e três flautas. À nossa frente uma clarineta nos alumia. E nada mais me é dado saber.]

clarice lispector, matando minhas saudades.
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as vezes acho, dentro dessa minha mania de me sentir o centro do mundo, que a clarice existiu pra colocar em palavras as coisas que eu queria dizer e nunca consigo direito. aí vou lá, procuro e sempre tem alguma coisa escrita por ela que descreve exatamente o que passa por dentro de mim.
exatamente.

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