sexta-feira, 22 de maio de 2009
meu coração vagabundo quer guardar o mundo em mim
andar. os passos largos. estradas novas para o velho e inseparável vício.
olhos em frente. olhar pra tras pode te tranformar em sal, baby.
medo, meu amigo, me deixe de lado só por uns dias.
desligarei o telefone e se você me procurar, mandarei dizer que não estou.
não te deixo pra sempre. sempre haverão caminhos desconhecidos e sempre me empurrará essa vontade de ir.
porque ir, a gente sabe, é da minha natureza...
.
.
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[Como é que faz pra lavar a roupa
Vai na fonte, vai na fonte
Como é que faz pra raiar o dia
No horizonte, no horizonte
Este lugar é uma maravilha
Mas como é que faz pra sair da ilha
Pela ponte, pela ponte
Como é que faz pra sair da ilha
Pela ponte, pela ponte]
terça-feira, 19 de maio de 2009
a vida e seu delay
sou, desde que eu existo, uma garota hiperativa e agoniadinha. nunca tive o dom de saber esperar.
não tive na hora de nascer e mal completei oito meses no quentinho da minha mãe, fiz com que me tirassem de lá (além de ansiosa, mandona. pessoa ótima...). não tive pra esperar os outros acordarem no berçário e só parei de chorar quando ouvi todas as vozes dos meus colegas de quarto em uníssono desesperando as enfermeiras. não tive pra esperar que me ensinassem a falar e quando foram se dar conta eu manipulava conversas em casa antes mesmo de completar um ano neste mundo.
eu sempre fui assim. na escola minha mãe ouvia mensalmente das queridas mestras que sua filha tinha ótimas notas e péssimo comportamento. o que elas não entendiam é que minha paciência acabava depois que eu sabia do que elas estavam falando. não tinha a menor vocação pra ficar sentada ouvindo o mesmo assunto por horas enquanto lá fora o parquinho gritava por mim.
até que eu cresci e comecei a descobrir as dores e delícias que belos garotinhos podem provocar em jovens moçoilas.
e é claro, nunca tive paciência para esperar por nenhum deles. até me obriguei a tentar várias vezes. mas acabava criando grandes cenas dramáticas, com saídas triunfais e frases de efeito no final. tudo isso, por não saber me distrair - como tentou me ensinar clarice lispector, minha terapeuta.
e assim passaram os dias.
até que eu descobri uma coisa incrível: o delay da vida.
sabe quando a fátima bernardes fala lá da china e a gente só ouve alguns segundos depois? delay.
sabe quando a gente manda um menino pro inferno, jura nunca mais trocar palavra alguma com ele e meses depois calmamente, conversa sobre os acontecidos entre risadas e palavras carinhosas? - ó o delay aí, brasil!
ele não tinha o que me dizer naquela hora, eu não tinha a calma necessária pra ouvir. o tempo passou, as coisas começaram a ter a sua real importância e pronto! entre mortos e feridos, sobrevivemos os dois.
tem gente que demora muito mais tempo pra entender o que sente. tem gente que não vai entender nunca. tem gente, como eu, que não tem vocação pra esperar. tem gente que consegue relevar meu tempo torto e saber a hora certa de me fazer carinho depois de tudo.
obrigada, meu bem. obrigada.
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