
despedidas são sempre tristes. para mim elas sempre são.
sou daquele tipo de gente que não consegue desgrudar a mão. que segura com força, mesmo sendo arrastada para o lado oposto, até que o último dedinho deixe de tocar o último dedinho daquela outra mão.
eu não sei dizer tchau. eu não sei dizer fim. eu não sei colocar pontos finais, encerrar parágrafos e fechar livros.
nunca soube.
sempre tive medo da vida longe do que é conhecido. mesmo que o conhecido seja o que não me serve mais, o que não me alimenta, o que me consome.
eu nunca consegui terminar namoros, por mais que quisesse. nunca soube ir embora, por mais que não me sentisse mais a vontade por ali.
no máximo eu consigo sair correndo, fugir, desligar o telefone e fingir que não estou participando da vida por um tempinho. e fico quietinha, com a minha porta fechada, esperando que esqueçam da minha participação e passem a acontecer sem mim.
eu sou assim. sempre fui. talvez sempre seja.
preciso que ponham fim por mim. preciso que vão embora e me deixem, daí eu invento um final pra me deixar satisfeita e volto a me sentir leve pra caminhar pelas estradas que eu ainda não conheci.
eu gosto do que eu não conheço. eu tenho medo é do que me é familiar. meu medo é de mim e do que eu acho a que pertenço.
tenho essa necessidade de me sentir pertencendo. mas a verdade é que eu nunca vou pertencer a nada, nem a ninguém.
talvez eu tenha nascido para ser artista solo. no palco, nos bastidores e na vida.
isso não me impede de encontrar boas parcerias. algumas eternas, algumas por poucas temporadas, algumas pra abrilhantar um ou dois episódios.
minha história é assim. minha vida é assim.
essa que eu escolhi, a minha. só. solo. assim.