ela, sempre tão intensa, sempre querendo entender o inintendível e viver a fundo toda e qualquer experiência sem nunca perguntar se realmente valeria a pena. ela que sempre conheceu o lado grande, demais, exagerado da vida. ela que sempre foi tão eufórica e andou de mãos dadas com a alegria. ela entendeu que de vez em quando é preciso perder o mede e levar a tristeza pra passear.
botá- la na cama, dar de comer, abraçar a tristeza e deixar ela tomar conta. do quarto, da casa, do aparelho de som, da vida.
ela se deixou sangrar, derramou - se inteira, pra poder entender - se um pouco mais.
ela e a tristeza, amigas, trancadinhas no mundinho cinza que construiram juntas. ela olhou bem de perto pros seus defeitos e encontrou grandes qualidades.
ela abraçou bem forte seus medos e descobriu o tamanho da sua coragem. a de se deixar sentir, inclusive.
e gostou um pouquinho mais de si.
e um dia, depois de ter conhecido bastante o que precisava conhecer, ela guardou a tristeza na caixinha, lá em cima do armário, junto com as lembranças dos velhos amores que ainda doem um pouquinho, mas são indispensáveis à vida (os amores e a dorzinha pequena), vestiu uma camisa amarela e saiu por aí.
tudo passa rápido demais, pra se viver trancada no quarto.