quinta-feira, 14 de abril de 2011

Round one: FIGHT!


'Melhor mesmo para os dois lados, é que haja o maior barraco. Um quebra-quebra miserável, celular contra a parede, controle remoto no teto, óculos na maré, acusações mútuas, o diabo-a-quatro.

O amor, se é amor, não se acaba de forma civilizada.

Nem no Crato...nem em Estocolmo. Nem no Beco da Facada, no Recife, nem na Chácara Flora, San Pablo.

Se ama de verdade, nem o mais frio dos esquimós consegue escrever o “the end” sem uma quebradeira monstruosa.

Fim de amor sem baixarias é o atestado, com reconhecimento de firma e carimbo do cartório, de que o amor ali não mais estava.

O mais frio, o mais cool dos ingleses estrebucha e fura o disco dos Smiths, I Am Human, sim, demasiadamente humano esse barraco sem fim.

O que não pode é sair por ai assobiando, camisa aberta, relax, chutando as tampinhas da indiferença para dentro dos bueiros das calçadas e do tempo.'

Xico Sá, me lembrando da verdade...
.

quarta-feira, 13 de abril de 2011


'Confesso que ando muito cansado, sabe? Mas um cansaço diferente… um cansaço de não querer mais reclamar, de não querer pedir, de não fazer nada, de deixar as coisas acontecerem. Confesso que às vezes me dão umas crises de choro que parecem não parar, um medo e ao mesmo tempo uma certeza de tudo que quero ser, que quero fazer. Confesso que você estava em todos esses meus planos, mas eu sinto que as coisas vão escorrendo entre meus dedos, se derramando, não me pertencendo. Estou realmente cansado. Cansado e cansado de ser mar agitado, de ser tempestade… quero ser mar calmo. Preciso de segurança, de amor, de compreensão, de atenção, de alguém que sente comigo e fale: “Calma, eu estou com você e vou te proteger! Nós vamos ser fortes juntos, juntos, juntos.” Confesso que preciso de sorrisos, abraços, chocolates, bons filmes, paciência e coisas desse tipo. Confesso, confesso, confesso. Confesso que agora só espero você.'

Caio Fernando Abreu 

segunda-feira, 11 de abril de 2011

quem nunca?


Não me peça o que eu não quero te dar

"Desde o começo você sabia que ia ser assim. Não me venha reclamar agora. Não me venha cobrar, pedir o que eu não posso dar. Os meus problemas são meus e você não tem nada ver com isso, não me importa que você chupe o meu pau segundas, quartas e sextas, não me importa que a gente comente o noticiário junto todos os dias.

Não me importa que você mergulhe nos meus conflitos, que eu massageie os seus pés, que a gente se encontre aos sábados debaixo do cobertor, que eu viaje de férias com a família e que você visite meus parentes.Você freqüenta a copa mundial infantil para me fazer companhia ? E dai? Isso lhe dá algum direito?

Quem você pensa que é para se meter na minha vida assim, para exigir de mim qualquer coisa que seja, um grande amor, um crime passional?"

Ela engoliu o resto de choro.

“Ah, não acredito! Ficou chateadinha!”

www.02neuronio.com.br

Portal Lia Line 06 - Agora, aguenta coração!

Acabo de levar à exaustão meus canais lacrimais pela enésima vez assistindo a uma comédia romântica e me pergunto mais uma vez: por quê?
Que componente maligno desses filmes entupidos de clichês e cafonices tem esse poder sobre mim, meu povo?Sério. As coisas não acontecem assim na vida e minha sofrida experiência no planeta dos relacionamentos diz que ta ficando difícil acreditar num ‘felizes para sempre’.Eu nem sou muito mocinha. Sou torcedora de futebol, tenho cadeira no estádio, entendo regra de impedimento e escalação de time, odeio discutir relação e morro de preconceito de apelidos românticos.Ta, mentira. Tirando o que foi citado acima, eu sou bem mocinha.
Meu coração mole e bobo é o maior pedaço de mim e consegue ser muito mais potente em termos dominar minha vida que meu forte e decidido cérebro.A ironia é que eu sou essa bolinha de amor e vivo tentando encontrar motivos pra não ser amada. Os monstros na minha cabeça repetem mantras do tipo: ‘Você tá gorda demais, é estranha demais, bonita de menos. Exige demais, é boba demais, fácil demais, se apaixona demais, cobra demais, faz sexo demais, faz sexo de menos...’
Passo tanto tempo procurando motivos pra não ser amada que esqueço de todos os motivos para ser. De todas as pessoas ao meu redor que me amam incondicionalmente, que perdoam meus defeitos e superfaturam minhas qualidades. Gente elegante, bonita, talentosa, inteligente que faz questão de me ter por perto mesmo nos momentos mais agudos de mau humor ou tpm.
Ok, meus amigos são ótimos, da melhor qualidade de pessoa que já habitou o planeta, mas fato é que nenhum deles acorda sem roupa debaixo do meu edredom (não em condições normais, pelo menos) e é muito mais difícil sobreviver a estes invernos rigorosos do sul do país sem um corpo quente pra roubar as cobertas.Mas, se esse povo incrível pode ter tanto amor por mim, de onde eu tiro essa incapacidade em acreditar que um mero mortal do sexo masculino também possa? Em entender que nem sempre o problema ta comigo? Tem gente por aí que não sabe amar. E esse tipo de gente não se pode curar.
Começo a achar que esses filmes mela cueca mexem tanto comigo porque a gente precisa um bocadinho deles. Porque a vida é uma dureza mesmo e todo dia uma pá de gente disposta a partir seu coração vai cruzar o seu caminho e no meio dessa montanha de desilusão, corre-se o sério risco de desacreditar, de cair no buraco negro da amargura e do cinismo. E o discurso brega de que o amor pode acontecer e funcionar e ser incrível e superar barreiras e tudo isso com uma trilha sonora linda e cabelos impecáveis tem lá sua sabedoria.
É o que alimenta no fundinho escondido do meu ser a crença no mocinho de bom coração, tênis surrado e tatuagens bacanas que vai cruzar o meu caminho numa tarde qualquer e fazer de mim uma mulher honesta e vergonhosamente feliz. Pode ser que ele ainda demore um tanto, ou até já tenha se perdido pelo caminho. Mas se decidir aparecer, estaremos por aqui de braços, pernas e portas abertas – que eu não sou mocinha de comédia romântica, mas posso acreditar que talvez existam finais felizes.

*texto originalmente publicado no Portal Lia Line