terça-feira, 30 de junho de 2009

terça feira com cara de segunda.


não se perca de mim, não se esqueça de mim, não desapareça.
a chuva tá caindo...
la la la la la la
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um brinde aos relacionamentos platônicos.
à dor nas costas.
ao relaxante muscular.
e à minha mãe, com quem eu cada vez me pareço assustadoramente mais.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

me leva que eu vou


é bem assim que começa: de lugar nenhum, aparece alguém que dá uma chacoalhada em tudo, puxa o tapete e arranca a toalha com a mesa ainda posta. sabe como?
e ao invés de me irritar, virginiana que sou, com o caos que se cria, eu fico feliz.
eu e alguém dançamos de mãos dadas gargalhando sem ligar pra bagunça ao redor. não nos preocupamos em cortar os pés nos cacos ou escorregar nos restos espalhados pelo chão - eu e alguém não temos o menor medo de sangrar - corremos pelas ruas que agora já não tem mais as mesmas cores, beijamos as pessoas enquanto elas mudam de nome e ouvimos pela primeira vez as mesmas palavras de todo dia.
então são abraços e palavras e descobertas diárias de beleza no meio da sujeira que vai se acumulando.
e depois, furacões, maremotos, desastres naturais. tudo levando embora qualquer ordem, qualquer sensatez, qualquer certeza e toda sensação de paz.
o mundo fica de pernas pro ar e já não importa mais porque alguém resolveu aparecer desse lugar nenhum (provavemente alguém já foi parar em lugar nenhum novamente, uma hora dessas). importa é que já não é mais possível voltar a ser.
o que era, mesmo que fosse bom, já não existe mais. resta esperar que se tenha serenidade e leveza o suficiente para saber dizer: adeus, muito obrigada, não cabe mais.
resta ir, mais uma vez sem saber para onde o ir levará.
até porque, não é essa toda a graça da vida?
e como já dissemos, algumas vezes: ir, meu bem, é da minha natureza.
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por todos e para todos os alguens que já acabaram com a minha vida.
que nunca parem de aparecer.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

fode com meu coração, maria. fode!

'mora comigo na minha casa um rapaz que eu amo. aquilo que ele não me diz porque não sabe, vai me dizendo com seu corpo que dança para mim. ele me adora e eu vejo através dos seus olhos um menino que aperta o gatilho do coração sem saber o nome do que pratica. ele me adora e eu o gratifico só com os olhos que o vejo. corto todas as cebolas da casa, arrasto os móveis, incenso. ele tem medo de dizer que me ama. e me aperta a mão e me chama de amiga.'

sábado, 20 de junho de 2009

não aprendi dizer adeus.


o mundo parece mais completo e perfeito que nunca. tudo no lugar. amo profundamente os cenários, as cores, os roteiros e principalmente, os novos personagens que têm enriquecido de forma absurda la singela história de mi vida.
mas trocava agora, sem pestanejar, um pedacinho de tudo isso pelos velhos, mofados, empoeirados e aconchegantes conhecidos.
por sentir o cheiro de gato na minha casa do último andar, ouvir o barulho da guitarra no quarto ao lado. não ser a única que tem esse sotaque, discar números que tenho decorados. continuar histórias que existem desde que eu tinha cabelo sem tinta e a crença na raça humana intacta.
entrar num carro branco que já foi casa de baratas e lembrar de quando era natal, reveillon, páscoa e dia das crianças.
transformar minha sala com luz azul em apêndice da balada.
conhecer os rostos, conhecer os lugares, conhecer o moço da porta do bar que sabe meu nome, minha história e minha bebida preferida.
tomar caipirinhas na beira do mar que me viu nascer e almoçar de ressaca no apartamento que me ensinou a ser criança e que me faz criança toda vez em que entro no elevador do prédio ao lado da pracinha.
ser a grazi que é só a grazi. não a amiga de alguem, a que trabalha em algum lugar, aquela de toda quinta feira... só essa.
receber o abraço de arquiteta da minha amiga rouquinha, o beijo das pessoas que casaram comigo no carnaval, o porka da minha outra parte, uma mordida amarela no dedo, a hiperatividade do parceiro de surf por quem eu me apaixono todo dia. cuidar do meu filho, do meu irmão, das minhas gatas abandonadas, da parte de vida que ficou por lá.
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como o caio, eu queria poder ser duas. para uma delas ter partido e a outra, ficado lá com aquelas pessoas.
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estou em milhares de cacos. eu estou ao meio.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

até a última gota. não mata.


meu coração tem vida própria. e olha que já tentei adestrá-lo, mas ele é terrível! (muito mais que eu). quando penso que passei-lhe bonito a perna, lá passa o safado correndo. nada de cantinhos seguros, ele corre grudado ao calcanhar. e me deixa aqui, com esse sorriso, esse não saber o que fazer, esse alimentar-se de suspiros e essa vontade de mandar às favas o mundo e sair por aí vivendo de amor.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

segunda-feira, 15 de junho de 2009

terça-feira, 9 de junho de 2009

eu, graziela, uma jacu.


eu não sei paquerar, nunca soube, sou péssima nisso. e o pior é que ninguém acredita. sou mestre na arte de interagir com outros seres (humanos, não humanos, inanimados, imaginarios e afins). tenho uma facilidade incrível em puxar conversas, fazer melhores amigos em 3 minutos, encontrar assuntos em comum... mas tudo isso com passantes, seres normais com quem não haja a menor possibilidade de estar desenvolvendo um tete-a-tete imbuido de segundas intenções. aí, quando eu digo que sou jacu, ninguém acredita e eu sempre acabo tendo que contar as histórias verídicas vergonhosas que já protagonizei pra justificar a minha cara vermelha quando algum mocinho me olha um pouco mais provocantemente. acabo tendo que dizer em alto e bom som: 'brasil, eu já saí correndo uma vez quando um cara pediu meu telefone'. juro por deus, não é figura de linguagem eu saí literalmente correndo quando um moço perguntou se podia me ligar (tá que estávamos numa delegacia e tá que ele era o cara fazendo meu b.o. mas mesmo assim, eu saí CORRENDO). sempre fico tentando encontrar maneiras espirituosas de sair dessas situações em que eu começo a suar frio, sentir a boca seca, todo o sangue do meu corpo dirigir-se às bochechas e minha mente não consegue produzir nada além de: me tira daqui! me tira daqui! me tira daqui! sim, eu sou mega jacu. eu consigo disfarçar muito bem isso durante vida. coloco uns modelos moderninhos, faço cara de muitos amigos, solto umas piadas engraçadinhas. é... eu me viro. mas ao adentrar o assustador universo dos homens e seus galanteios o máximo que eu consigo soltar é um: 'uma dama não revela certas coisas' e sair CORRENDO. e gritar: ai, que vergonha. e tropeçar no meio do caminho. juro que eu queria ser mais charmosa e sensual, daquelas mulheres que soltam os cabelos ao vento e seduzem garotos só com um olhar fatal e certeiro. não rola, eu sou jacu. então, se você é um rapaz interessante e se você por algum motivo resolveu me paquerar, tenha paciência comigo. eu saio correndo, minha voz fica aguda, eu faço piadas sem graça, eu agarro uma amiga pra não ficar sozinha, mas um dia isso passa. e eu juro que além de jacu eu posso ser bastante divertida. pode perguntar por aí...

quarta-feira, 3 de junho de 2009

a era de sagitário


'se a não vamos casar nem ter filhos, vamos fazer o quê?'
'simples, vamos ser amantes'
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pronto, é isso, sejamos amantes.
segundo a wikipedia 'amante é todo o ser humano que ama'. segundo minha definição amante é aquele colega que sente desejo e carinho por outro ser humano. que telefona numa 4a feira fria para o outro ser humano e faz a gentil proposta de passarem algumas horas juntos.
o ser humano oferece um corpo quente para ajudar a acalmar os desejos daquele outro corpo que anda precisando se repartir. oferece abraços, ouvidos, palavras doces. oferece um copo d'agua, uma toalha limpinha, uma pizza (as comidinhas para depois do amor do vinícius de moraes), oferece sua cama, seus lençois e suas cobertas.
em troca recebe carinhos, recebe presenças, uns apertinhos. recebe beijos, um filme querido que traz lembranças boas, conversas conhecidas e novidades familiares.
e no dia seguinte, os seres humanos dividem um sexo de bom dia, um café na padaria, um taxi até o trabalho e seguem cada um pra sua casa.
voltam cada qual para sua vida, mas carregando no bolso e no corpo um pouquinho daquele outro que não precisa de presença absoluta pra sentir-se parte.
amantes são elegantes e livres. se gostam, se cuidam e se protegem sem precisarem andar de mãos dadas pelas ruas ou jurarem amor e fidelidade eternos. eles não precisam do eterno, sentem-se e vão. porque ir parece sempre muito mais interessante do que ficar.

então vão, um cuidando do coração do outro.
gente que se recusa a assinar contratos tambem tem sentimentos. muitos deles, por sinal.