segunda-feira, 28 de julho de 2008

a arte de ouvir os amigos


mila é uma baleia sueca que um dia invadiu minhas águas ensinando - me a arte do pole dancing, do sexo tântrico, do [?] em hora exata, das orgias de família e do espanõl selvagem.
e de vez em quando ela me dá palavras bonitas como essas que eu catei do brógue dela.
e divide um alcool honesto e limpinho.
e tb sente na pele desprovida de de melanina o estrago que é ter sangue latino bombeado por um coração maria bethânia num corpinho de tonalidade leitosa européia.
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[eu tenho uma amiga que anda pelo mundo divertindo gente. e chorando ao telefone. ah, essas atrizes... volta e meia ela, dona glorinha, toma um chá de sumiço pra tentar se encontrar, se entender, se saber. coisa de artista, presumo eu.

ela se acha meio errada, meio confusa. e é, pra falar a verdade. e aí está todo o encanto daquela pessoinha. é o clichê da mulher ultra-moderna [tem até um coração roquenrôu tatuado no braço, veja só!], e a mais única das criaturas. ímpar, como cada uma das pessoas sensíveis que ela e eu [e você, se tiver também um pouco de sensibilidade] queremos pra dividir nossos cafés de final de tarde.

dona glorinha sabe que tem à sua volta as pessoas mais legais do mundo, que ela escolheu a dedo [algumas literalmente, outras não]. mas, quando se deita na sua caminha de casal pra um, antes de o sono vir, é dominada por pensamentos maléficos tão comuns nas cabecinhas das mulheres avulsas - coisas do tipo por-onde-andará-o-chantilly-desse-morango-suculento-que-eu-sou? do que ela não parece se dar conta, como a maioria das mulheres avulsas [inclusive esta que escreve], é que o chantilly fica na geladeira do supermercado, e não na seção de congelados.

digam-me, donas glorinhas desse mundo, o que é que se pode esperar dos bofes que nos fazem suspirar, ou seja, aqueles caras sujinhos da noite, com barba por fazer, rolled up sleeves and skull t-shirts e vocabulário limitado? cá pra nós, só falta o crachá de "menino-problema" no peito. sim, eles são deliciosos. sim, é diversão garantida. e sim, eles se fazem descartáveis, porque tem muita dona glorinha suculenta pelo mundo louca por uma vida mais ordinária.

deixemos esses vazios pra um futuro idoso e distante, senhoritas, com uma tacinha de champanhe numa mão e um capri-mentolado-contrabandeado na outra, ao som de um jazz empoeirado e carregando na bagagem nossos 15 livros publicados, 24 filmes lançados, 6.348 pacientes atendidos ou 4.456 processos sentenciados.

no, no, no! porque a noite é uma criança e já somos bem grandinhas.]
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gracias again, balle.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

o clube da escuta


tá, que eu não sou muito dada a estes arroubos de desabafo agressivo.
tá, que a elegância é a maior resposta pra tudo mesmo.
tá, que a gente também fala da vida alheia. e que a gente gosta bastante de acreditar que o problema vem sempre do alheio.

mas tem um número de gente por aí que anda precisando arrumar uma vida pra cuidar, um sexo pra fazer, um livro pra ler, uma novela pra acompanhar...
vida, meu povo! vamos arrumar uma vida!

e tá, que eu sei que mi pequeña vida é incrível mesmo e eu tenho uma personalidade magnética e cativante.
mas traz um papaelzinho que eu dou um autógrafo. se pedir com jeitinho, dou até um abraço apertado, deixo apertar minha bunda, mostro a alça do sutiã... tiro até foto pra colocar no orkut.

mas, vamos arrumar uma vida pra viver, minha gente?
como diria meu amigo miro - né?
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sorte de hoje: não me segue que eu não sou novela.
(no máximo um seriado, em canal fechado, com conteúdo completo permitido apenas para assinantes)
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e tem gente que diz por aí que fofoca é coisa de menina. pffffffffffffff!

segunda-feira, 21 de julho de 2008

pearls are a girl's best friends


Holly Golightly: You know those days when you get the mean reds?
Paul Varjak: The mean reds, you mean like the blues?
Holly Golightly: No. The blues are because you’re getting fat and maybe it’s been raining too long, you’re just sad that’s all. The mean reds are horrible. Suddenly you’re afraid and you don’t know what you’re afraid of. Do you ever get that feeling?
Paul Varjak: Sure.
Holly Golightly: Well, when I get it the only thing that does any good is to jump in a cab and go to Tiffany’s. Calms me down right away.
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e diferente da marilyn, que era amiga dos diamantes, a gente usa pérolas.
os diamantes são lindos, mas para mulheres de mais idade.
nós, as jovens e a vó dora, preferimos as bolinhas brancas.

domingo, 13 de julho de 2008

[E sei que de noite, quando ele me chamar, irei. Quero que ainda uma vez o cavalo conduza o meu pensamento. Foi com ele que aprendi. Se é pensamento esta hora entre latidos. Os cães latem, começo a entristecer porque sei, com o olho já resplandecendo, que irei. Quando de noite ele me chama para o inferno, eu vou. Desço como um gato pelos telhados. Ninguém sabe, ninguém vê. Apresento-me no escuro, muda e em fulgor. Correm atrás de nós cinqüenta e três flautas. À nossa frente uma clarineta nos alumia. E nada mais me é dado saber.]

clarice lispector, matando minhas saudades.
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as vezes acho, dentro dessa minha mania de me sentir o centro do mundo, que a clarice existiu pra colocar em palavras as coisas que eu queria dizer e nunca consigo direito. aí vou lá, procuro e sempre tem alguma coisa escrita por ela que descreve exatamente o que passa por dentro de mim.
exatamente.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

a frase do ano


"ai a gente tava ótima se homem fosse dinheiro"
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e o pior é que tava.
o único problema é que ia ter a carteira cheia de notas falsas.
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é por isso que não vale a pena largar os beatles.
surtar, sempre. largar os beatles, jamais.